Tem um tempinho que já não posto nada aqui no blog, graças a Deus está tudo bem e estamos caminhando para que o Vitor tenha cada dia mais vitórias.
Na escola as coisas melhoraram muito desde que a querida professora Érica assumiu a turma, afinal, foram 4 professoras em três meses de aula e essa mudança de rotina deixou o Vitor bem prejudicado, sem confiança e também sem motivação. Mas ai chegou a resposta das minhas orações, a professora Érica, e fica fácil pra quem lê ou escuta essa história imaginar que essa professora deve ser um modelo de inclusão, que abraça a causa e protege meu filho.
Leve engano meu caro, essa pessoa é especial não pela inclusão que ela aprendeu a ter nos bancos da faculdade de pedagogia ou em cursos e palestras, ela é especial pois tem o coração inclusivo, ela acredita verdadeiramente na inclusão, as vezes acho que ela acredita bem mais que eu.
Não poupou nada do Vitor, simplesmente acreditou. Reduziu as atividades adaptadas e estimulou ele a fazer as tarefas e interagir, e desde então, ele tem se superado a cada dia.
Dançou lindamente na festa julina e na apresentação do dia dos pais. Chega em casa e me diz sorrindo que brincou com os amiguinhos da escola. Faz com independência as tarefas em sala de aula (sem muito capricho é verdade). Fica eufórico quando sabe que terá passeio na escola. Na última semana, a coordenação da escola me disse que ele é praticamente o líder da torcida da equipe dele na gincana, tamanha euforia e envolvimento.
Lembro que no dia da festa julina, eu estava tensa (como sempre), morrendo de medo que ele ficasse nervoso e não participasse da apresentação e ficava vendo ele ali na concentração junto com as outras crianças razoavelmente tranquilo enquanto a professora pouco olhava para ele. Na hora da apresentação então, ela nem ficou perto dele, e eu tensa, morrendo de medo enquanto ele dançava lindamente de parzinho com uma amiguinha linda. Passou a festa e eu fui falar com a professora Érica sobre a minha agonia de vê-lo ali sem ninguém ao lado e sabe o que ela me disse?
Pois bem, sem nenhuma cerimônia ela olhou pra mim e disse que não tinha nenhum motivo para se preocupar com a apresentação dele, afinal ele tinha ensaiado com muito interesse e estava preparado para fazer a apresentação, então ela estava preocupada e precisava de dar atenção para alguns outros coleguinhas que não estavam tão seguros. E eu, que sempre lutei tanto pela inclusão, devorando leis, pesquisando métodos, vi que ali estava a essência da inclusão. Não no saber, mais no acreditar.
Agora, aquele menino que por 2 anos e meio entrou na escola chorando, agarrado na minha roupa e sempre pela porta da lateral, pois não queria ver as outras pessoas, esse mesmo menininho, vai à escola sem nenhuma resistência, e quando chega na sala, dá um abraço acanhado em sua professora, que sempre o espera com um sorriso e um abraço. Então ele me dá tchau e inicia mais um dia de descobertas.
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Vitor e a professora Érica. |
"A verdadeira inclusão não se aprende em bancos de faculdades, cursos ou leis. Ela é essencialmente espontânea, vem de dentro e transforma o que está fora naturalmente."
Flávia Virginia