segunda-feira, 20 de julho de 2015

* Brincando e aprendendo.


Domingo frio em casa. Dia perfeito para brincar e treinar o uso de alguns conceitos já  adquiridos. Jogando podemos realizar atividades de coordenação motora, estabelecimento e cumprimento de regras, o respeito e capacidade de esperar a vez de jogar (conceito minha vez/sua vez).
Durante os jogos, por conta da concentração  na atividade proposta as esteriotipias reduzem bastante.
Quero buscar novos jogos e também  me dedicar mais a buscar tempo para sentar no chão  e ficar assim, brincando e estimulando meu filho.

sábado, 18 de julho de 2015

* Sobre coleções de carrinhos e sonhos.


Dia desses eu resolvi fazer uma faxina no quarto do Vitor. Essas coisas que vez ou outra temos que fazer e ficamos protelando, mais chega um dia que tudo tem que acontecer.
Separei as roupas que ele já não usa, afinal, com 8 anos recém completados, meu pequeno usa roupas tamanho 10 ou 12. Depois fui arrumar o baú de brinquedos e essa arrumação demorou bastante, pois cada brinquedinho que eu pegava eu ficava vagando nos pensamentos e lembrando das histórias por trás de cada um.
Tem aqueles brinquedos que ele nunca se interessou em brincar. E tem todos aqueles carrinhos que estão sempre enfeitando todos os cantos da minha casa, pois onde o Vitor para, ele sempre deixa pelo menos um carrinho pra "marcar território".
Minha casa é inteiramente decorada de carrinhos e trenzinhos todos amassados ou quebrados de tanto participarem das brincadeiras do Vitor. 
Olhando aquele tanto de carrinho com as rodas quebradas, fica parecendo que eles participaram de um ritual de aceitação, onde pra fazer parte do baú de brinquedos, eles tem que aceitarem ser destruídos.
A sequência de destruição é sempre a mesma: Primeiro são arrancadas as rodas traseiras, depois de bem amassados e com a pintura gasta eles participam exaustivamente das brincadeiras, seguindo o ritual, eles "passeiam" por todos os cantos toda a minha casa até que eu veja tantos carrinhos espalhados e grite: - Vitor! Pare de quebrar seus carrinhos e guarda eles no lugar certo!
Então acontece o último passo, o Vitor recolhe todos os seus carrinhos espalhados pela casa e joga todos embaixo do guarda-roupas, de onde eles só saem com o auxílio de um cabo de vassoura em um dia de faxina. Acho que ele joga os carrinhos lá embaixo para que eu não os pegue e jogue fora. Não é  abandono, é zêlo.
Muitos carrinhos, apesar de parecerem legais, permanecem intocáveis dentro do baú. Estão novinhos, com todas as rodas e pintura intacta. Esses também não participam das brincadeiras solitárias do Vitor e nem enfeitam minha casa, e eu sei lá por que motivo, meu filho opta por se divertir com os carrinhos menos belos, deixando esse bonitinhos no baú, onde aos poucos, vão sendo retirados para participarem do "ritual". 
Dessa vez, foram separados 60 carrinhos. Eu os retirei pois do jeito que estão podem acabar machucando  alguém. Fiquei olhando cada um deles e de alguns eu conseguia lembrar de quando eram novinhos, ou das inúmeras vezes que encontrei com eles nos lugares mais inusitados. 
O fato é que eu não consegui me desfazer de nenhum deles. Cada um tem uma história, cada um deixou meu filho mais feliz e vê-los assim, todos juntos me deixa ao mesmo tempo angustiada e feliz.
E mais uma vez aprendi com meu filho, como seria melhor esse mundo se todos fizessem como ele, se interessassem pelos "menos belos", pelos "mais estragadinhos". Para o Vitor aqueles carrinhos detonados tem valor, são tratados com carinho e trazem alegria, e acima de tudo, merecem proteção.
Juntei tudinho em uma sacola, guardei com todo amor, como quem guarda algo valioso e acho que jamais vou me desfazer dessa minha coleção de sonhos fantasiados de carrinhos quebrados.

terça-feira, 19 de maio de 2015

* Pequenas alegrias e angústias de cada dia.

Hoje eu estava abraçada com meu Vitor, tentando a todo custo mantê-lo preso dentro do meu abraço (coisa de mãe grudenta). Fiquei ali, pensando em uma frase que eu ouvi a algum tempo: "Todo mundo vê as pingas que eu tomo, mas ninguém vê os tombos que eu levo." Bem, verdade seja dita, eu nem tomo uma pinguinha, em contrapartida tombo, eu ando colecionando.  
Em minha constante luta nesse universo que o autismo me exigiu viver, os momentos felizes estão juntos e misturados à momentos de profunda angústia, medo, experiências que não deram certo, aquelas tantas intervenções que não funcionaram, aqueles desesperos...
Claro que os momentos felizes acontecem, e talvez eu já tenha aprendido a desfrutar o máximo de cada um desses momentos, sei o valor imensurável que uma ida ao shopping, ao dentista, um corte da cabelo ou uma ida à lanchonete sem uma crise por conta do tal do processamento sensorial tem. 
Adoro compartilhar esses momentos felizes com todos, mas principalmente com aquelas minhas colegas, que assim como eu desembarcaram na Holanda e  não na Itália (quem não entendeu, leia a postagem http://flaviavirginia.blogspot.com.br/2014/03/bem-vindo-holanda.html). Também adoro curtir as postagens dessas colegas. Ver os progressos de cada uma das crianças que conheci na "Holanda". Eu entendo bem o valor de cada conquista, que para muitos podem ser pequena, mais que são gigantes.
Nem tudo é lindo, nem tudo é "azul" aqui na "Holanda". Agora, que tem muita beleza, tem! E cada pequena conquista deve sim ser celebrada.
Olho meu filho, e no olhar dele eu me abasteço de forças para continuar lutando, e comemoro cada vitória dele com a intensidade que eu sei que merece, pois sei o caminho que caminhamos para conseguir cada uma delas.

segunda-feira, 23 de março de 2015

* O mundinho que eu sonhei pra você.

Fico olhando pra você e desejando imensamente acertar em tudo pra poder te ver feliz. Há! Como eu desejo te fazer feliz!
Por incontáveis vezes é assim que acontece. Eu me pego com um nó na garganta, um embrulho no estômago e no coração um desejo gigantesco de te ver sempre feliz.
E se acordada eu fico assim, dormindo, vez ou outra, eu consigo sonhar com um mundo que eu tanto queria para você. Um mundo que acolhe, não só você, mais todas as pessoas. Um mundo em que ninguém fique sozinho, porque solidão mesmo, só vale a pena quando é escolha e mesmo assim, só por um tempinho, depois tem que voltar e se aconchegar entre aqueles que nos querem bem, afinal, se sentir acolhido é mais que importante, é necessário.
Nesse mundo que eu sonho, não tem essa de se lutar pela inclusão, nesse mundinho sonhado com carinho, os habitantes nem sabem o que é inclusão, nunca ninguém nem ouviu falar essa palavra. Aliás, acredito que os moradores de lá ficariam muito espantados se descobrissem que aqui no mundo "normal" que a gente vive, as pessoas estão fazendo cursos para aprenderem a viver de forma inclusiva. Lá, os habitantes convivem diariamente com as "diferenças". Lá ninguém fica de fora da brincadeira e toda brincadeira dá pra brincar junto com todo mundo, mesmo que cada um brinque de um jeitinho diferente. Quem não se achega e entra na roda acaba sendo acolhido, pois para os habitantes desse mundinho sonhado com todo carinho, eles sabem bem que o legal é quando todo mundo fica junto e  que ninguém fica de fora, não porque "tem que incluir", e sim porque é INDISPENSÁVEL incluir.
E então, nesse pequenino mundinho, os habitantes (todos muito diferentes uns dos outros), por terem a liberdade de serem quem são, vão devagarinho aprendendo a conviver com os outros, sem se acharem melhores ou piores, ou até "menos diferentes", mais aceitando e respeitando as diferenças.
Enfim, sonho com um lindo mundinho, tão pequenino que só cabe mesmo dentro desse meu sonho de mãe que dorme bem pouquinho, um mundo onde ninguém vai precisar aprender que é mais feliz quem sabe conviver com as diferenças, lá ninguém vai ficar falando de "inclusão" ou "respeito as diferenças", afinal nesse meu mundinho todo mundo vai entender que é diferente e que as diferenças se complementam.
Então, acordo e mais uma vez, e vou pesquisar mais um pouquinho, procurar novos cursos e assim trabalhar na construção desse mundinho que eu quero pra você.