quinta-feira, 19 de junho de 2014

* Autismo e as crises...



Muitas vezes andam de mãos dadas...
Quase todos os pais de crianças neurotípicas ou autistas são obrigados a lidar com uma birra em algum ponto, mas as birras das crianças autistas são geralmente muito mais grave do que as "normais" birras, por isso são chamadas de Colapsos (Meldowns)...
  
Fazer a ligação entre birras e Autismo (diferencie)
As crianças muitas vezes têm acessos de raiva quando elas se tornam excessivamente cansadas, irritadas ou chateadas. Nestes casos, o acessos de raiva são geralmente ligeiros e cessa quando a criança percebe que o pai não está prestando atenção. 
Já em crianças autistas, acessos de raiva podem aumentar e tornar-se violentos. Crianças com autismo podem não compreender ou lembrar porque eles estão chateados, e os "colapsos" não aliviam ou param quando ignorado. Estas crianças experimentam uma maior perda de controle do que as outras crianças.

A interrupção da rotina
Mesmo uma pequena mudança na rotina pode desencadear crises e colapsos em crianças autistas. Rotinas e horários permitem que eles possam se sentir seguras e no controle de seu ambiente. Sabendo que a hora do lanche sempre segue uma soneca, ou que a terapia ocorre todas as tardes antes do jantar, reduz a ansiedade e proporciona conforto. Quando as nomeações, de fora da cidade, convidados, ou uma viagem surpresa ao ver Mickey Mouse ou há alterações da  programação diária, as crianças com autismo podem tornar-se extremamente confusas e irritadas. Os colapsos resultantes podem ser violentos e prolongados.

Super estimulação e sobrecarga sensorial
Muitas crianças com autismo ficam mais estimuladas por barulho ou atividade no meio ambiente . As crianças autistas são mais propensas do que outras crianças estão a sofrer de distúrbios de integração sensorial que aumentam a sua sensibilidade à luz, barulho, ou certas texturas. Estímulos ambientais, tais como marcas de roupas, luzes que piscam de televisão, salas superaquecidas, tapete áspero, ou cães latindo tudo pode causar um colapso.

Dificuldades Frustração e Comunicação
As crianças autistas têm dificuldade para compreender as direções, e em expressar seus pensamentos e sentimentos, e a formação de conexões entre as palavras e seus significados. 
Devido à sua incapacidade de se comunicar, essas crianças são facilmente frustradas e mais propensas a colapsos e fúrias.
Questionar o seu filho para determinar a fonte de sua frustração é geralmente uma má ideia, enquanto ele está passando por um colapso. Você provavelmente aumentarão sua frustração e fazer com que o colapso se intensifique ainda mais...

Gestão dos colapsos, em crianças autistas
Como as crianças autistas têm acessos de raiva por razões diferentes das outras crianças, e porque eles são incapazes de se expressar claramente, o gerenciamento de seus colapsos pode ser difícil. As crianças autistas raramente ira usar de ataques de manipular os adultos ou provocar uma resposta emocional das pessoas, o que torna a punição uma estratégia ineficaz. 
Prevenção dos colapsos é muito importante, Pois tentar pará-los, uma vez que começar é quase impossível. 
Colapsos autistas podem piorar rapidamente. Felizmente, você pode gerenciar crises os colapsos no autismo.

Atenha-se um rigoroso calendário
Uma das maneiras mais fáceis para garantir que sua criança permaneça livre de colapsos é criar uma rotina. Antes de começar, você deve passar alguns dias observando o relógio natural do seu filho e preferências. Se o seu filho acorda ao mesmo tempo todas as manhãs, ou torna-se cansado, ao mesmo tempo todas as noites, escreve que as informações abaixo e usá-lo como base para o resto da sua programação. Depois de ter estabelecido uma rotina em sua casa, seu filho autista provavelmente vai se sentir mais confortável e seguro, e os acessos de raiva deve se tornar cada vez menos frequentes.

Reduzir a Estimulação ambiental
Se o seu filho reage negativamente a ruídos altos, luzes brilhantes, ou temperaturas quentes, considere fazer algumas mudanças no ambiente para reduzir esses gatilhos. Crie um espaço calmo em sua casa  para o seu filho ir quando ele se sente mais estimulado ou frustrado. Procure fazer um esforço para reduzir o nível de atividade geral dentro de sua casa durante as horas que o seu filho está em casa e acordado. Músicas calmantes ou o som de aquários de peixes suaviza algumas crianças autistas. Pode levar algum tempo para determinar o que funciona melhor para seu filho, por isso não desanime se suas primeiras tentativas falham.

Redirecionamento e Distração
Quando você sentir que um colapso é iminente, pode ser possível redirecionar a atenção da criança para evitar uma crise. Distraia seu filho, desviando sua atenção para uma atividade calmante, ou introduzir um objeto de conforto para acalmá-lo. Se o seu filho quer ser deixado sozinho, faça o que ele quer e saia da sala. Fique dentro do alcance de audição, no entanto, no caso de ele precisar de você ou perder o controle ou mesmo se colocar em perigo. Muitas vezes, uma mudança de ambiente é suficiente para prevenir que uma crises ocorram.

Mantendo o seu filho autista na segurança
A segurança deve ser sua principal preocupação na gestão de colapso no autismo. As crianças autistas podem perder o controle emocional e físico rapidamente, o que pode deixar a mobília quebrada em pedaços. Se você acredita que o colapso tem aumentado a este ponto, é importante  mover o seu filho para um local mais seguro e remover quaisquer perigos no ambiente imediato. Se o seu filho autista se torna uma ameaça para si mesmo ou aos outros, busque ajuda de fora.
Desenvolver um plano de emergência de segurança com o médico do seu filho ou terapeuta, e colocar esse plano em ação antes que a criança se machuque. Consultar o médico do seu filho se as crises parecerem piorar em frequência ou intensidade, como uma série de condições médicas podem causar crises em crianças autistas, inclusive enxaquecas, distúrbios convulsivos, e infecções de ouvido. Com algum tempo e esforço, é possível compreender e controlar os colapsos do seu filho.

* Orgulho de que mesmo???

Mesmo sendo puro e lindo, não é anjo, não é azul, mais é um grande vitorioso. Eu te amo filho e tenho muito orgulho de você. Tenho orgulho de ver você se superando e vencendo paradigmas. Me orgulho de ver seus progressos em um mundo que muitas vezes não te compreende. Em um país que os governantes insistem em fechar os olhos para você, não te oferecendo atendimento adequado e gratuito, eu me orgulho em ver seu sorriso. Ontem foi dia 18 de junho, dia do Orgulho Autista e eu confesso que não sinto nenhum orgulho de ter o autismo presente em minha vida. Meu grande orgulho é ver você se superando, vencendo as batalhas de cada dia apesar do autismo.

sábado, 14 de junho de 2014

* Entendendo a Síndrome de Asperger.

Crianças com dificuldade de sociabilização, linguagem rebuscada para a idade, atos motores repetitivos (tiques) e interesses muito intensos e limitados apenas por um ou poucos assuntos podem ser portadoras da síndrome de Asperger
O primeiro trabalho sobre a síndrome foi feito pelo psiquiatra e pediatra austríaco Hans Asperger, mas permaneceu praticamente desconhecido. O reconhecimento internacional ocorreu somente em 1994, quando foi incluída pela primeira vez no DSM (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders), o manual de diagnóstico e estatísticas de transtornos mentais, organizado pela Associação Americana de Psquiatria. Por se tratar de uma patologia recentemente descrita, não existem dados confiáveis sobre a incidência.
A partir de 2013, a síndrome de Asperger deixa de ter essa denominação e passa a ser classificada no DSM como uma forma branda de autismo – uma recomendação que deverá ser mundialmente adotada. Diferentemente do autismo clássico, porém, quem tem Asperger não apresenta comprometimento intelectual e retardo cognitivo. Por isso os primeiros sinais e sintomas do distúrbio costumam ser ignorados pelos pais, que os atribuem a características da personalidade da criança.
"Muitos portadores da síndrome possuem, inclusive, QI acima dos índices normais. E o fato de terem habilidade verbal muito desenvolvida, com um vocabulário amplo, diversificado e rebuscado, reforça nos pais a ideia de que seus filhos são superdotados", diz Walkiria Boschetti, neuropsicóloga do Einstein. O foco exagerado sobre um assunto específico – como automóveis, aviões ou robôs, por exemplo – é outro sintoma característico da síndrome interpretado de forma inadequada pelos pais e familiares, que acabam incentivando a restrição de interesses dessas crianças, oferecendo apenas presentes relacionados ao tema.

Diagnóstico

Os sinais e sintomas da síndrome de Asperger podem aparecer nos primeiros anos de vida da criança, mas raramente são valorizados pelos pais como algo negativo, especialmente se as manifestações forem leves. A grande maioria dos diagnósticos da síndrome de Asperger é feita a partir da fase escolar, quando a dificuldade de socialização, considerada a característica mais significativa do distúrbio, manifesta-se com maior intensidade, juntamente com o desinteresse por tudo que não se relacione com o hiperfoco de atenção. "O que efetivamente chama a atenção dos pais são os sintomas associados ao isolamento social, inadequação de comportamentos ou manifestações de ansiedade, depressão ou irritabilidade", diz Sandra Lie Ribeiro do Valle, neuropsicóloga do hospital.
Usualmente, os primeiros relatos sobre os problemas observados são feitos ao pediatra, que poderá encaminhar a criança aos médicos especialistas para uma avaliação mais profunda e detalhada. Não existem exames laboratoriais ou de imagem destinados à confirmação do diagnóstico. "Hoje, o principal instrumento para essa finalidade são os testes aplicados por neuropsicólogos, que por meio de tarefas propostas à criança observam e avaliam aspectos cognitivos e comportamentais, como memória, atenção e habilidades sociais", diz o Dr. Fabio Sato, psiquiatra da infância e adolescência da Clínica de Especialidades Pediátricas do Einstein, instituição que aplica um extenso e detalhado protocolo para diagnóstico e tratamento dessa patologia. Segundo ele, o Brasil ainda carece de uma padronização na abordagem diagnóstica dessa patologia, uma vez que ferramentas como a AD (questionário utilizado em entrevistas com os pais) e a ADOS (questionário para entrevistas com as crianças) ainda não foram validadas aqui, embora o uso já esteja consagrado nos Estados Unidos e na Europa.
Quem tem síndrome de Asperger tende a apresentar alterações nos testes de avaliação de reconhecimento de emoções e nos que analisam a capacidade de inferir o que os outros estão pensando. "São pessoas que têm extrema dificuldade em entender o que pensam e sentem aqueles que os cercam, a menos que essas emoções sejam explicitamente demonstradas e explicadas a eles. Também são inflexíveis, por isso prendem-se a regras e não conseguem agir com flexibilidade, conforme cada situação", explica Sandra Lie Ribeiro do Valle.

Tratamento multidisciplinar

São envolvidos médicos, neuropsicólogos, psicopedagogos e fonoaudiólogos, uma vez que os indivíduos possuem alterações na fala (erros de prosódia, por exemplo, quando o indivíduo faz a transposição do acento tônico de uma sílaba para outra). "Basicamente, a terapia se baseia em transmitir as habilidades e recursos para as manifestações características, em especial a dificuldade no convívio social. Ele deve ser feita a longo prazo, já que se trata de um distúrbio crônico", explica Walkiria Boschetti. Medicamentos são utilizados apenas para tratar sintomas decorrentes dessas manifestações, como ansiedade, depressão e irritabilidade.
Quem tem Asperger e chega à vida adulta sem diagnóstico ou tratamento adequados pode enfrentar sérias dificuldades de relacionamento na vida pessoal, escolar e profissional. "Além disso, trata-se de um risco para o desenvolvimento de outros problemas, como o transtorno bipolar", adverte o Dr. Fabio Sato. Portanto, quanto mais precoces e precisos forem o diagnóstico e o tratamento, maiores serão as chances de a criança com Asperger desenvolver comportamentos mais saudáveis, tornando-se mais sociáveis, flexíveis e independentes.

Como lidar?

A criança com Síndrome de Asperger pode apresentar talentos específicos. “De uma maneira geral, os pais costumam incentivar uma aptidão que reconhecem nos filhos, o que chamamos de ilhas de habilidades. No caso da Síndrome de Asperger, esta atitude acaba intensificando o interesse restrito do paciente, piorando a clausura comportamental do indivíduo, tornando-o menos flexível a novos temas”, explica Iara Brandão Pereira, neurologista infantil.
Pensando em auxiliar no desenvolvimento das capacidades múltiplas da criança, a médica listou alguns itens importantes para quem convive com uma pessoa que apresenta este Transtorno do Espectro Autista (TEA).
  • É importante buscar uma interação muito boa entre a escola, a família e o profissional que acompanha o paciente no sentido de desenvolver a reciprocidade social do indivíduo.
  • Diversificar seus focos de interesse para que o paciente dê importância para outros assuntos e desenvolva novas habilidades, diminuindo assim, comportamentos repetitivos e restritivos.
  • Estimular o ‘falar olhando’, desenvolver a cultura do olhar direcionado, com intencionalidade comunicativa.
  • Estimular a criança, por meio de treinos, a reconhecer e compartilhar emoções e expressões faciais, assim como buscar Treino de Habilidades Sociais (THS), como possibilidade de melhoria no seu prognóstico social.
  • Dialogar sempre! Essa é a maneira mais preciosa de desenvolver a inteligência de qualquer criança, com ou sem diagnóstico de TEA.
  • Não criticar o interesse restrito da criança, apresentar outras opções e compartilhar estas ofertas com o filho. Utilize o interesse preferencial da criança como porta de entrada para a interação com ele.

Conheça os principais transtornos do desenvolvimento

Sindrome de Rett- é mais comum em meninas. Com desenvolvimento normal nos primeiros meses de vida, a criança evolui com acometimento das funções motora e intelectual, e distúrbios de comportamento. / Síndrome de Asperger - Síndrome do espectro autista, diferencia-se do autismo clássico por não comportar nenhum atraso ou retardo global no desenvolvimento cognitivo ou da linguagem do índividuo / Autismo - Afeta mais intensamente a capacidade de comunicação do indivíduo em estabelecer relacionamentos e responder apropriadamente ao ambiente. Essas manifestações já são perceptiveis antes dos 36 meses de vida. / TID sem especificação - Caracteriza pessoas encaixadas no quadro do transtorno invasivo do Dsenvolvimento, mas não categorizadas por nenhuma outra desordem. Geralmente é mais brando que o autismo e tem sintomas similares.  
Fonte: Iara Brandão Pereira, neurologista infantil 

terça-feira, 10 de junho de 2014

* Vitorioso desde sempre.

Então, deu meio-dia e  eu cheguei na escola do Vitor correndo como sempre. Na porta da sala de aula, dei de cara com ele todo feliz, se arrastando no chão da sala com um grupo de coleguinhas. Ao me ver, ele se levanta e vem correndo pra me mostrar que está com uma medalha que ganhou por ter participado dos jogos escolares (Projeto Copa do Mundo). Então, alimentei minha alma daquela sensação maravilhosa de que tudo vale a pena. Ver o Vitor se sentindo um vitorioso foi o que eu mais estava precisando naquele momento. O detalhe é que a equipe dele não ganhou o jogo, foi a escola que premiou todos os participantes do projeto. E ali, no pátio da escola eu e ele comemoramos aquela conquista que tinha gostinho de final de copa do mundo. Foi a grande vitória do Vitor diante dos medos que ele enfrentou como um guerreiro ao mudar de escola em pleno mês de março, deixando pra trás uma rotina já estabelecida, se acostumando lentamente com um novo ambiente, novos colegas, nova professora. Campeão nem sempre é aquele de vence, a vitória pertence ao que se supera, e eu tenho muito orgulho de ser a mãe de um grande Vitorioso.