quinta-feira, 11 de outubro de 2012

* O Asperger na sala de aula.

Algumas dicas importantes para profissionais de educação que trabalham com pessoas com Síndrome de Asperger.



COMPORTAMENTO DA CRIANÇA:


  • Poderá ser necessário, de vez em quando, redirecionar a atenção da criança a fim de que possam se organizar e serem capazes de atender as solicitações;
  • Evite responder indefinidamente quando a criança ficar questionando uma ordem ou instrução dada. Ele pode estar querendo manipular a situação. Nesses casos, uma breve explicação clara e lógica sem termos que possam ter interpretações questionáveis terão melhores resultados;
  • Procure falar baixo e de forma mais clara possível. Isso evitará dúvidas e os resultantes questionamentos e poderá servir de modelo para a maneira das crianças se expressarem sem tensões desnecessárias;
  • Quando a criança apresentar ansiedade tente tratar de modo normal sem aparente surpresa e procure dirigir-lhe um pouco de atenção de forma discreta. Isso o trará de volta ao ambiente;
  • Impor limites claros e firmes quando necessários (sem alteração da voz) e sem espaço para questionamentos;
  • Após o intervalo, horário de chegada ou educação física a maioria das crianças encontram-se em estado de alerta, elevar a voz para fazê-las ouvir pode elevar mais o estado de alerta deles;

Estabeleça uma rotina de atividades para que ele possa seguir durante as aulas e assim diminuir sua ansiedade;

Salas visualmente bagunçadas, carteiras fora do lugar, alunos que circulam muito pela sala, painéis nas paredes com poluição visual, cadernos e livros pelas carteiras são sinônimos de desorganização, agitação e desatenção do grupo. Um aluno com Síndrome de Asperger em um ambiente desses se desorganizará ainda mais, ficarão cansados mentalmente e estarão desatentos por conta da quantidade de estímulos externos. Procure "enxugar" o ambiente limpando-o visualmente. Isso irá contribuir para a organização de todos os alunos, incluindo o seu aluno Aspie.


ATIVIDADES EM SALA:

1.  Identificar seus interesses, (habilidades e dificuldades desse aluno);

2.  Verifique se o aluno está com atenção em você na hora de solicitar algo, se não tiver solicite a atenção dele por se aproximar um pouco;

3.  Um ponto muito importante para esses alunos será sempre a questão da formulação das questões nos exercícios pedidos. Nas atividades propostas, procure sempre escrever enunciados curtos e diretos, que permitam respostas pequenas ou questões de múltiplas escolhas;

4.  Procure orientar de forma simples e objetiva as atividades e sempre que possível de maneira concreta, nunca abstrata. Abstrações não são o forte desses alunos, mas se quiser aceitar o desafio poderá lhes ensinar a entender as abstrações e como identificá-las e atá mesmo criá-las em produções textuais. Se conseguir fazer isso poderá estar desempenhando um papel que jamais será esquecido na vida desse aluno;

5.  Fale com antecedência e clareza quais as atividades propostas, fazendo isso sempre de forma objetiva;

6.  Procure proporcionar em sua aulas, folhas de atividades relacionadas à matéria que está sendo dada, com um pequeno resumo feito de forma clara e objetiva que permita a compreensão do aluno;

7.  Tente reforçar os títulos e subtítulos com traços escuros, tanto no quadro como no material impresso, com letras um pouco maiores que facilitam a compreensão e organização das matérias ou atividades;

8.  Incentive o aluno nas Propostas Pedagógicas, desde que essas atividades estejam no nível de compreensão desse aluno. Poderá ser de ajuda se a criança já possuir em mãos o campo de estudo que será abordado naquele dia ou naquele período;

9.  Algumas crianças necessitam, após a explicação geral da atividade, que o professor se aproxime delas e retome os marcos de instrução para que consigam dar sequência na tarefa;

10.  Depois de uns 30 minutos de atividades pedagógicas é normal que o sistema de alerta e atenção da Criança Asperger estejam em baixa. Para regular esse sistema, mude um pouco "o ar" do ambiente da sala de aula. Uma pequena mudança no recurso de ensino, como uma paradinha para falar um pouco do porque a matéria faz sentido, ou onde ela poderá ser utilizada, ou simplesmente solicitar que o aluno com S.A apague o quadro, se ele gostar e ficar a vontade ao fazer isso ou levar um material de uma sala pra outra... coisas como essa regulará o sistema de alerta da criança e oferecerá novas situações preparando-o para receber mais informações sobre a matéria;


11.  Procure conhecer um pouco mais sobre a Síndrome de Asperger, bem como os aspectos específicos do transtorno e suas implicações.

Fazendo dessa forma, certamente seu trabalho poderá fluir melhor e o processo de adaptação para o professor, bem como para a criança e seus colegas será realmente inclusivo.

Um comentário:

  1. Oi Flávia. Boa tarde. Eu me chamo Marcelo Kataoka. Tenho 36 anos. Sou formado em Pedagogia com Habilitação em Sociologia e Filosofia e em História. Fiz especialização em Transtornos do Espectro Autista e Neurodesenvolvimento. Sou Asperger, tendo sido diganosticado aos 33 anos. Hoje trabalho como escritor de livros policiais. O meu último trabalho está publicado no link https://oasperger.blogspot.com/. Gostaria que o conhecesse e se possível, divulgasse o meu trabalho. Obrigado.

    ResponderExcluir